Como detectar a esquizofrenia nas crianças
A
esquizofrenia é uma enfermidade médica que causa pensamentos e sentimentos
estranhos e um comportamento pouco usual. É uma enfermidade psiquiátrica pouco
comum em crianças, e é muito difícil ser reconhecida em suas primeiras etapas.
O comportamento de crianças e adolescentes com esquizofrenia pode diferir dos
adultos com a mesma enfermidade.
É uma desordem cerebral que deteriora a capacidade das
pessoas para pensar, dominar suas emoções, tomar decisões e relacionar-se com
os demais. É uma enfermidade crônica e complexa que não afeta por igual a quem
sofre dela.
Estimativas da esquizofrenia
A esquizofrenia é uma enfermidade mental que afeta menos
de 1% da população mundial, com independência de raças, civilizações e
culturas. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), afeta uns 52
milhões de pessoas em todo o mundo.
No Brasil, estima-se que 1,8 milhão de pessoas são
afetadas por esta doença.
Como detectar a esquizofrenia nas crianças?
As esquizofrenias que aparecem antes dos 5 anos, têm
traços extremamente comuns ao autismo, e somente com uma evolução posterior,
com o aparecimento de sintomas psicóticos, propriamente ditos, permitirá um
diagnóstico certo. Antes dos 3 anos, o diagnóstico diferencial é muito
improvável.
É praticamente impossível distinguir uma esquizofrenia de
um autismo. Somente ficará esclarecido com o passar do tempo. A partir dos 5
anos o diagnóstico diferencial vai-se esclarecendo com a presença de sintomas
psicóticos (alucinações, delírios) na esquizofrenia.
Mas pode-se notar alguns sinais de alerta nas crianças
com esquizofrenia. O comportamento de uma criança pode mudar lentamente com o
passar do tempo. Por exemplo, as crianças que desfrutavam, relacionando-se com
outros, podem começar a ficar tímidas e retraídas, com se vivessem em seu
próprio mundo. Às vezes começam a falar de medos e idéias estranhas. Podem
começar a ficar obstinados pelos pais e a dizer coisas que não fazem muito
sentido. Os professores podem ser os primeiros a perceberem esses problemas.
A esquizofrenia é hereditária?
Se na família houve outros antecedentes familiares de
esquizofrenia, pode ser hereditária, mas numa porcentagem relativamente baixa
(não supera os 25% de possibilidades), mas se a esquizofrenia desencadeou por
fatores de estresse ambiental, ou por outras causas que não são genéticas, não
há razão para herdá-la..
O que se deve fazer?
As crianças com esses problemas e sintomas devem passar
por uma avaliação integral. Geralmente, essas crianças necessitam de um plano
de tratamento que envolva outros profissionais. Uma combinação de medicamentos
e terapia individual, terapia familiar e programas especializados (escolas, atividades,
etc.) são frequentemente necessários. Os medicamentos psiquiátricos podem ser
úteis para tratar de muitos dos sintomas e problemas identificados. Estes
medicamentos requerem a supervisão cuidadosa de um psiquiatra de crianças e
adolescentes.
Formas de esquizofrenia
Nem todas as esquizofrenias são iguais, nem evoluem da
mesma maneira. Uma vez realizado o diagnóstico, os profissionais as dividem em
quatro:
- PARANÓIDE: É a mais frequente.
Caracteriza-se por um predomínio dos delírios sobre o resto dos sintomas, em
particular, delírios relativos a perseguição ou suposto dano de outras pessoas
ou instituições para o paciente. O doente está desconfiado, inclusive irritado,
evita a companhia, olha de relance e com frequência não come. Quando é
questionado, dá respostas evasivas. Podem acontecer alucinações, o que gera
muita angústia e temor.
- CATATÔNICA: É
muito mais rara que a forma anterior, e se caracteriza por alterações motoras,
seja por uma imobilidade persistente e sem motivo aparente ou agitação. Um
sintoma tipico é a chamada obediência automática, segundo a qual o paciente
obedece cegamente todas as ordens simples que recebe.
- HEBEFRÊNICA: É
menos frequente, e ainda que também podem dar-se a idéias falsas ou delirantes,
o fundamental pode aparecer antes que a paranóide e é muito mais grave, com
pior resposta à medicação e evolução mais lenta e negativa.
- INDIFERENCIADA:
Este diagnóstico se aplica àqueles casos que sendo verdadeiras esquizofrenias
não reúnem as condições de nenhuma das formas anteriores. Pode-se utilizar como
uma “gaveta de alfaiate” em que se inclui aqueles pacientes impossíveis de
serem definidos.
Tratamento da esquizofrenia
O tratamento dos processos esquizofrênicos podem ficar
reservados para o psiquiatra. Requer o emprego de medicamentos difíceis de
empregar, tanto pela limitação dos seus efeitos como pela quantidade de reações
adversas que podem provocar. Em geral, os sintomas psicóticos antes citados,
correspondem a dois grandes grupos:
- Sintomas "positivos", ou produtivos.
Refere-se a condutas ou modos de pensamento que aparecem na crise psicótica, em
forma auditiva (novas condutas se somam às existentes). São os delírios e as
alucinações, fundamentalmente. Neste caso, a palavra “positivo” não tem
conotações favoráveis; significa simplesmente que “algo se soma ou se
acrescenta”, e esse “algo” (delírios, alucinações) não é, em absoluto, nada
bom.
- Sintomas "negativos", ou próprios da deterioração: diminuição das capacidades com o aparecimento
de sinais de fraqueza e debilidade. Distúrbios psíquicos, perda de ânimo
afetivo, dificuldade nas relações interpessoais, incapacidade para trabalhar,
etc. São ao principais sintomas negativos.
Pois bem, os tratamentos básicos antipsicóticos
(neurolépticos, eletrochoque) podem atuar mais ou menos sobre os “sintomas
positivos”. Mas não temos nada que atue de forma brilhante sobre os
“negativos”. Somente o emprego de alguns neurolépticos concretos ou de
antidepressivos, a doses baixas, pode ser de alguma ajuda. Seu manejo exige
muitíssimo cuidado, pois podem reativar uma fase aguda da esquizofrenia. O
eletrochoque se reserva para os casos de baixa resposta aos neurolépticos, ou
para quadros muito desorganizados com riscos físicos para o paciente (condutas
auto-agressivas, por exemplo). Sua utilidade é na fase ativa, e somente para os
sintomas “positivos”.
Fonte consultada:
- American Academy of
Child and Adolescent Psychiatry (AACAP)
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